A CRUZADA GUARANI

A CRUZADA GUARANI

“Singular e assombroso o destino de um povo como os Guarani!
Marginalizados e periféricos, nos obrigam a pensar sem fronteiras
Tidos como parcialidades, desafiam a totalidade do sistema.
Reduzidos, reclamam cada dia espaços de liberdade sem limites
Pequenos, exigem ser pensados com grandeza.
São aqueles primitivos cujo centro de gravitação já está no futuro.
Minorias, que estão presentes na maior parte do mundo.”
(Bartomeu Meliá)
Com o objetivo de reivindicar o que se supõe deveria ser na história o verdadeiro sentido da civilização guarani, surgiu, entre alguns escritores, uma corrente que inaugurou uma série de discussões polêmicas.
Uma destas correntes, entende que pertence ao patrimônio histórico da raça guarani a invejável civilização dos astecas do México e dos Incas do Peru e que todo esse monumento de glórias, criminosa e miseravelmente destruído pelos espanhóis, foi roubado a essa família indígena.
Obedecendo esta ordem de idéias, concebe ela que os guaranis chegaram a fundar, nos demais recantos da América do Sul, uma considerável civilização pré-colombiana e que os europeus a destruíram com tal habilidade que até os vestígios desapareceram.
A Grande Confederação Guaranítica, compreendeu inúmeras nações esparramadas pelo Continente Sul Americano, sendo a capital dessa civilização uma grande cidade denominada “Mbaeveraguasú”. Imaginam os defensores dessa corrente, que os guaranis eram comunistas puros, organizados em Estado, com feição altamente civilizada. Para eles a palavra “guarani”, tinha um sentido amplo e compreendia todos os indígenas de mais da metade do continente americano, excluindo-se, algumas raças que reputavam inferiores, sem as qualidades que ornam o caráter e a inteligência das múltiplas nações guaranis.
Há entretanto, algumas tribos, que não sendo guaranis, acomodaram-se aos costumes destes, em uma fusão regular, sendo por isso mesmo seus parentes, ou vassalos, como aconteceu com os “Aruacás”, que acompanharam os “Caraivés”, desde as Antilhas, como seus escravos.
Percebe-se portanto, que os guaranis correspondem ao homem sul-americano por excelência.
COMO TUDO COMEÇOU…

Para nos assenhorarmos dos verdadeiros pendores que dominam a alma coletiva de tão curiosa civilização, teremos que buscar recursos na história.
A Cruzada Guarani II

A nação guarani à luz do “descobrimento” conglomerava diversos povos. Com a chegada dos espanhóis (1537 em Assunción), foram diferentes as formas de contato e distintas as adaptações históricas-culturais da nação guarani. Podemos dividi-los a partir deste momento, em três grupos, ou três trajetórias.
1. O indígena que sofreu o impacto imediato do colonialismo. Encontramos aqui o índio “civilizado” e o escravo encomendado. Os índios civilizados, foram aqueles que lhes foi roubada a felicidade e convencidos à força de que os donos da civilização era os europeus. Estes foram os que mais sofreram adaptações. Já o índio encomendado, era aquele entregue ao espanhol para a catequese e conversão. Doutrinavam os índios em troca da utilização de seu trabalho. Na verdade, tal troca, acobertava uma disfarçada escravidão. Desse grupo, sobraram muito poucos, pois conduzidos a um cativeiro deshumano, acabaram dizimados, pela intensidade do trabalho forçado ou pelas inúmeras doenças trazidas pelos conquistadores.
2. Os guaranis reduzidos ou missioneiros, que buscavam refúgio da sanha colonial nas reduções jesuíticas. As reduções se constituíam em um Estado dentro do Estado. Neste aldeamentos fechados, os índios aprenderam ofícios tornando-se artesãos, marceneiros, carpinteiros e músicos, o que lhes permitiu dirigirem-se para os centros urbanos, como Montevidéu, Buenos Aires e Santa Fé, após a expulsão dos jesuítas das colônias ibéricas.
No inicio da civilização, os colonos sentiram a necessidade imprescindível do auxílio do missionário para a pacificação indígena. Mas, aos poucos o homem branco, emancipou-se daquela dependência e aliando-se com o mameluco, organizaram-se em bandeiras e, armados em verdadeiros exércitos, passaram a caçar o índio, para explorar e corromper. Eram invencíveis, sobretudo em uma luta com missionários e índios inermes. Ao desejo de enriquecer aliava-se a sede de glória, iniciando-se deste modo, um genocídio. Poucos foram os que conseguiram bater em retirada, único meio de fugir aquela ameaça de destruição. Mas, mesmo experimentando grande regozijo de escapar à sanha de seus agressores, tiveram os heróicos retirantes de enfrentar muitos perigos e sofrimentos durante a sua longa cruzada de fuga.
Alguns dirigiram-se para o Paraguai, onde o Guarani Paraguaio é hoje falado por cerca de 3 milhões de pessoas; para a Bolívia, onde o Guarani Boliviano (ou Chiriguano) é falado por cerca de 50 mil pessoas e para o norte da Argentina. Dos índios capturados, alguns tornaram-se escravos dos bandeirandes (séc. XVIII) e outros tornaram-se empregados de fazendeiros brasileiros e paraguaios, que iniciaram a ocupação destas terras com a extração da erva-mate.
3. O terceiro grupo a salientar, é o guarani que permaneceu fora do alcance da fome colonial, mantendo-se escondido nas densas florestas paraguaias. Os Caaguá foi um grupo que logrou manter sua cultura quase que intacta. Dele descendem os Guarani Mbya, Chiripá ou Ñandeva e os Paitvyterã ou Kaiowá. Eles foram raramente visitados por algum viajante no século XIX e conseguiram passar para o século XX, sem interferências exteriores.
A ALMA GUARANI

O guarani é um indivíduo profundamente espiritual. Embora haja muitos sub-grupos, todos compartilham de uma religião que enfatiza a terra. O conceito de terra para eles está relacionada a idéia de terra-sem-males, na concepção de “bem viver”, um lugar onde se vive o “teko” (jeito de ser). Ou seja, não concebem a terra em sua materialidade, mas a consideram como necessária para ser construída e arada culturalmente.
.Seguindo mensagens de Nhanderú, eles buscam o que acreditam ser a “Terra sem Males”, um lugar onde não falta caça, pesca e muita paz. A sua procura, localizada no imaginário dos Guarani, para além do Atlântico, por si só, não minimiza as responsabilidades dos brancos sobre os poucos espaços territoriais que sobraram para esses índios. A sua perambulação, organizados em pequenos grupos familiais, por estradas e rodovias do Sul e Sudeste do país, é uma face trágica dessa diáspora.
Por uma terra sem males” é o sugestivo lema da Campanha da Fraternidade 2002.
O MITO DA TERRA-SEM-MALES

O grupo com o qual Nimuendaju (Curt Unkel, 1883-1945, etnólogo alemão) teve contato, guardou em seu imaginário mitológico a iminência da destruição do mundo por um incêndio e um dilúvio e a entrada em uma terra onde não haveria mais sofrimento, nem morte.
Conta este mito dos Guarani, “quando Nhanderuvuçu ( nosso grande Pai) resolveu acabar com a terra, devido à maldade dos homens, avisou antecipadamente Guiraypoty, o grande pajé, e mandou que dançasse. Esse obedeceu-lhe, passando toda a noite em danças rituais. E quando Guiraypoty terminou de dançar, Nhanderuvuçu retirou um dos esteios que sustentam a terra, provocando um incêndio devastador.
Guiraypoty, para fugir do perigo, partiu com sua família para o Leste, em direção ao mar. Tão rápida foi a fuga, que não teve tempo de plantar nem de colher mandioca. Todos teriam morrido de fome, se não fosse o seu grande poder que fez com que o alimento surgisse durante a viagem. Quando alcançaram o litoral, seu primeiro cuidado foi construir uma casa de tábuas, para que quando viessem as águas, ela pudesse resistir. Terminada a construção, retomaram a dança e o canto.

O perigo tornava-se cada vez mais iminente, pois o mar, como que para apagar o grande incêndio, ia engolindo toda a terra. Quanto mais subiam as águas, mais Guiraypoty e sua família dançavam.

E para não serem tragados pela água, subiram no telhado de casa. Guiraypoty chorou, pois teve medo. Mas sua mulher lhe falou:

” Se tens medo, meu pai, abre teus braços para que os pássaros que estão passando possam pousar. Se eles sentarem no teu corpo, pede para nos levar para o alto.”

E, mesmo em cima da casa, a mulher continuou batendo a taquara ritmadamente contra o esteio da casa, enquanto as águas subiam.

Guiraypoty entoou então o nheengaraím, o canto solene Guarani. Quando iam ser tragados pela água, a casa se moveu, girou, flutuou, subiu… subiu até chegar à porta do céu, onde ficaram morando.

Esse lugar para onde foram chama-se YvY marã ei ( a “terra sem males”). Aí as plantas nascem por si próprias, a mandioca já vem transformada em farinha e a caça chega morta aos pés dos caçadores. As pessoas nesse lugar não envelhecem e nem morrem, e aí não há sofrimento.”
Durante diversos espaços de tempo e de formas variáveis, grupos guarani reviveram historicamente este mito. Relatado por Curt Nimuendaju (nome que significa “homem que abriu seu próprio caminho”), no início do século XX, os pajés dos Guarani Apapocuva, buscaram a Terra-sem-mal no leste. Em todas as viagens apontadas para esta direção, o mito se fez história.
A Terra-sem-mal era uma dádiva a ser encontrada, localizada à leste, além do oceano e no alto.
TRAJETÓRIA E OBJETIVO DA MIGRAÇÃO

A causa do êxodo Guarani sempre foi a imperativa necessidade de encontrarem um lugar onde possam viver em segurança, segundo seu antigo modo de ser, ou seja, a busca da “Terra-sem-males”.
“Os primeiros que abandonaram a sua pátria, migrando para o leste foram os vizinhos meridionais dos Apapocuva: a horda dos Tañyguá, sob a liderança do pajé chefe Ñanderyquyní, que era temido feiticeiro. Subiram lentamente pela margem direita do Paraná, atravessando a região dos Apapocúva, até chegar à dos Oguauíva, onde seu guia morreu. Seu sucessor, Ñanderuí, atravessou com a horda do Paraná – sem canoas, como conta a lenda – , pouco abaixo da foz do Ivahy, subindo então pela margem esquerda deste rio até a região de Villa Rica, onde cruzando o Ivahy, passou-se para o Tibagy, que atravessou na região de Morro Agudos.
Rumando sempre em direção ao leste, atravessou com seu grupo o rio das Cinzas e o Itararé até se deparar,finalmente com os povoados de Paranapitinga e Pescaria na cidade de Itapetinga, cujos primeiros colonos nada melhor souberam fazer que arrastar os recém-chegados a escravidão. Eles porém, conseguiram fugir, perseverando tenazmente em seu projeto original, não de volta para o oeste, mas para o sul, em direção ao mar. Escondidos nos ermos das montanhas da Serra dos Itatins fixaram-se então, a fim de se prepararem para a viagem milagrosa através do mar à terra onde não mais se morre.”
Os Guarani Mbya, começaram a chegar, ao que se sabe, a partir do início do século XX. Em 1921, Nimuendaju, na época funcionário da antigo SPI, teve a ventura de acompanhar de perto a migração de um pequeno grupo Mbya rumo ao mar. Esta fantástica experiência não modificou apenas o modo desse antropólogo alemão encarar a sociedade Guarani, como a partir de então, iria influenciar de maneira decisiva, o modo como a maioria dos antropólogos passaria a ver os Guarani.
Dizimados por doenças e obcecados com a fuga da destruição do mundo, Nimuendaju alcançou-os perto de Itanhaém/SP. Quando chegaram ao litoral, termina sua viagem horizontal e histórica. Inicia-se então a caminhada que deveria, através da dança, tomar um rumo vertical. Dançaram três dias até a exaustão e então veio a terrível decepção: o fracasso. “Havia ocorrido algum erro, que anulara toda a magia e que, fechara para sempre o caminho para o Além aos peregrinos”. A maioria dos Guarani convenceu-se que já não poderiam alcançar a “Terra-sem-mal”, pela falta de um instrumento e pela interpretação incorreta do mito.
Depois partiram “na direção do noroeste, convencidos de que a Terra-sem-mal se localizava, não além do oceano e sim no centro da Terra”. Segundo Egon Scahden, somente poderiam ir em sua busca, aqueles que guardavam intactas suas crenças originais.
Hoje existem “aqueles que acreditam que só sua alma retornará a Nhanderú retã.” Mas há ainda aqueles, que acreditam conseguir atravessar o oceano com corpo e alma e superando a prova da morte, serem testemunho da tradição.
Uma alucinada tentativa de alcançar a qualquer custo a Terra-sem-mal, pode ser observada entre os Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Nos anos entre 1986 a 2000, 337 índios das áreas de Dourados, Amambaí, Caarapó, Porto Lindo e Takuapery, cometeram suicídio. A ampla espoliação de seu território físico e espiritual e a falta de perspectiva de encontrarem a sua prometida terra-sem-mal, os levaram a depressão profunda, o que concorreu para a concretização de tão trágico fim.
Na utopia da Terra-sem-mal, o imediatismo histórico ficou frustrado.
Em busca da “Terra-sem-mal”, vivem hoje os Guarani, ameaçados do Mal sem Terra.
A batalha dos Guarani pela sobrevivência física e cultural continua nos dias atuais, no Paraguai, Argentina e Brasil (Maranhão, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). A luta pela demarcação ou reconquista de suas terras confundem-se com a recuperação de sua identidade étnica.
Os Guarani somam hoje, aproximadamente, trinta mil pessoas em todo o território brasileiro.
Com esta pequena contribuição, viso despertar a curiosidade do leitor à tudo que se refere à civilização do índio sul-americano que até nossos dias permanece como objeto de acurado estudo. Enfatizo também, meu carinho e respeito pelas tradições deste povo, guardando como relíquia preciosa tudo o que evoca sua história e anima a lembrança de seus dias mais remotos.

“America Ameríndia,
aínda na Paixão:
um dia tua Morte
terá Ressurreição!”
Bibliografia consultada
C. Nimuendaju Unke. As Lendas de criação e destruição do mundo como fundamentos da religião dos Apapokura-Guarani. SP. 1987.
M. I. Queiroz – O Mito da terra sem males: uma utopia guarani?. Revista de Cultura Vozes. 67/1 (1973)
M. Bartolomeu. El guarani: experiência religiosa. Asunción. 1991
E. SCHADEN. Aspectos fundamentais da cultura guarani. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1962.

LA CRUZADA GUARANI

“Singular y asombroso el destino de un pueblo como los Guarani!
Marginal izados  y periféricos, obligan nosotros a pensar sin fronteras

Son hechos como parcialidades, desafían la totalidad del sistema.
Reducidos, reclaman cada día espacios de libertad sin limites
Pequeños, exigen ser pensados con grandeza.
Son aquellos primitivos cuyo centro de gravitación  ya está en lo futuro.
Minorías, que están presentes e n la mayor parte do mundo.”
(Bartomeu Meliá)

Con el objetivo de reivindicar lo que por supuesto debería ser en la historia lo verdadero sentido da civilización guarani, surgía, entre algunos escritores, una corriente que inauguró una serie de discusiones polémicas.

Una de estas corrientes, entiende que pertenece al patrimonio histórico de la raza guarani a envidiable civilización de los aztecas do México y de los Incas do Peru e que todo ese monumento de glorias, criminosa e miserablemente destruido pelos españoles, fue robado a esa familia indígena.

Obedeciendo esta orden de ideas, concibe ella que los guaranis llegaran la fundar, en los demás  hogares de la América del Sur, una considerable civilización pre-colombiana y que los europeos la destruirán con tal habilidad que até los vestigios desaparecerán.

A Grande Confederación  Guaranítica, comprende innumeras naciones esparcidas pelo Continente Sur Americano, sendo a capital de esa civilización una grande ciudad denominada “Mbaeveraguasú”. Imaginan los defensores de esa corriente, que os guaranis eran comunistas puros, organizados en Estado, con fisonomía altamente civilizada. Para ellos la palabra “guarani”, tenia un sentido amplio y comprendía todos los indígenas de mas de la mitad de lo continente americano, excluido-se, algunas razas que reputaban inferiores, sin las cualidades que ornan lo carácter y la inteligencia de las múltiplas naciones guaranis.

Ha entretanto, algunas tribus, que no sendo guaranis, acomodaran-se a los costumbres de estos, en una fusion regular, sendo por eso mismo sus parientes, o vasallos, como acontece con los “Aruacás”, que acompañaran los “Caraivés”, desde las Antilhas, como sus esclavos.

Percebe-se por tanto, que os guaranis corresponden al hombre sur-americano por excelencia.

COMO TUDO COMEÇOU…

Para que seamos ciertos de los verdaderos pendones que dominan la alma colectiva de tan curiosa civilización , tendremos que buscar recursos en la historia.

La Cruzada Guarani II

La nación guarani a la luz de lo “descubrimiento” conglomeraba diversos pueblos. Con la llegada de los españoles (1537 en Asunción), fueran diferentes las formas de contacto e distintas as adaptaciones históricas-culturales de la nación  guarani. Podemos dividí-los a partir de este momento, en tres grupos, o tres trayectorias.

1. Lo indígena que sufre lo impacto inmediato do colonialismo. Encontramos aquí lo indio “civilizado” y lo esclavo encomendado. Los indios civilizados, fueran aquellos que les fue robada la felicidad y convencidos a la fuerza de que los dueños de la civilización eran los europeos. Estos fueran los que mas sufrieran adaptaciones. Ya lo indio encomendado, era aquello entregue al español para la catequice y conversión. Doctrinaban los indios en cambio de la utilización  de su trabajo. En la verdad, tal cambio, encubría una disfrazada esclavitud. De eso grupo, sobraran mucho pocos, pos conducidos a un cautiverio deshumano, acabaran desapareciendo, por la intensidad de lo trabajo forzado o por las innumeras dolencias que venían por los conquistadores.

2. Los guaranis reducidos o misioneros, que buscaban refugio da saña colonial en las reducciones jesuíticas. As reducciones se constituían en un Estado adentro de lo Estado. En estas aldea cerradas, los indios aprenderán oficios tornando-se artesanos, mercenaria, carpinteros e músicos, o que les permitía dirigieren-se para los centros urbanos, como Montevideo, Buenos Aires e Santa Fe, después a expulsión de los jesuitas de las colonias ibéricas.
No inicio da civilización, los colonos sentirán la necesidad imprescindible del auxilio del misionero para la pacificación indígena. Mas, al los  pocos lo hombre blanco, emancipo-se de aquella dependencia y aliando-se con o mameluco, organizaran-se en banderas y, armados en verdaderos ejércitos, pasaran a cazar lo indio, para explorar e corromper. Eran invencibles, sobretodo en una lucha con misioneros e indios inermes. Al deseo de enriquecer aliaba-se a sede de gloria, iniciando-se de este modo, un genocidio. Pocos fueran los que conseguirán huir en retirada, único meo de huir de aquella amenaza de destrucción. Mas, mismo experimentando grande regocijo de escapar a la saña de sus agresores, tuvieran los heroicos retirantes (huidos) de enfrentar muchos peligros y sufrimientos durante la su longa cruzada de fuga.
Algunos dirigirán-se para o Paraguay, donde lo Guarani Paraguayo es hoy hablado por cerca de 3 millones de personas; para a Bolivia, donde lo Guarani Boliviano (o Chiriguano) es hablado por cerca de 50 mil personas y para lo norte da Argentina. De los indios capturados, algunos tornaran-se esclavos de los bandeirantes (séc. XVIII) y otros tornaran-se empleados de estancieros brasileros y paraguayos, que iniciaran la ocupación de estas tierras con la extracción de la hierba-mate.
3. Lo tercero grupo, es l guarani que permaneció fuera del alcance de la hambre colonial, mantenido-se escondido en las densas florestas paraguayas. Os Caaguá fue un grupo que logro mantener su cultura cuaje que intacta. De ello descienden los Guarani Mbya, Chiripá ou Ñandeva e os Paitvyterã ou Kaiowá. Ellos fueran raramente visitados por alguno viajante en lo siglo XIX e conseguirán pasar para el siglo XX, sin interferencias exteriores.

LA ALMA GUARANI

Lo guarani es un individuo profundamente espiritual. Todavía aja muchos sub.-grupos, todos comparten de una religión que enfatiza la tierra. Lo concepto de tierra para ellos esta relacionada la idea de tierra-sin-males, en la concepción de “bien vivir”, un lugar donde se vive o “teko” (jeito de ser). O sea, no conciben la tierra en su materialidad, mas la consideran como necesaria para ser construida e arada culturalmente.

Seguido las mensajes de Nhanderú, ellos buscan lo que acreditan ser a “Tierra sin Males”, un lugar donde no falta caza, pesca e mucha paz. La su procura, localizada no imaginario de los Guarani, para allá de lo Atlántico, por si solo, no minimiza las responsabilidades dos blancos sobre los pocos espacios territoriales que sobraran para estos indios. La su perambulação (andar sin rumo), organizados en pequeños grupos familiares, por estradas del Sur e Sudeste del país, es una faz trágica de esa diáspora.

Por una tierra sin males” é o sugestivo lema da Campaña de la Fraternidad en 2002.

El MITO DA TERRA-SEM-MALES

O grupo con lo cual Nimuendaju (Curt Unkel, 1883-1945, etnólogo alemán) tuve contacto, guardó en su imaginario mitológico la inminencia de la destrucción  de lo mundo por un incendio y un diluvio y la entrada en una tierra donde no tenería mas sufrimiento, ni muerte.

Cuenta esto mito de los Guarani, “cuando Nhanderuvuçu ( nuestro grande Padre) resolved acabar con la tierra, debido a la maldad de los hombres, aviso anticipadamente Guiraypoty, lo grande paje, y mando que danzase. Ese obedece-le, pasando toda la noche en danzas rituales. Y cuando Guiraypoty terminó de danzar, Nhanderuvuçu retiro un de los amparos que sustentan la tierra, provocando un incendio devastador.

Guiraypoty, para huir del peligro, partió con su familia para o Leste, en dirección al mar. Tan rápida fue la fuga, que no tuve tiempo de plantar mandioca. Todos tendrían muertos de hambre, si no fuera su grande poder que hizo con que lo alimento surgirse durante la viajen. Cuando alcanzaran lo litoral, su primero cuidado fue construir una casa de tablas, para que cuando viesen las aguas, ella pudiese resistir. Terminada la construcción, retomaran la danza y lo canto.

Lo peligro tornaba-se cada vez mas inminente, pos lo mar, como que para apagar lo grande incendio, ya engullendo toda la tierra. Cuanto más subían las aguas, más Guiraypoty y su familia danzaban.

E para no ser tragados por la agua, subirán no tejado de  la casa. Guiraypoty lloró, pos tuve medo. Mas su mujer le hablou:

” Se tienes medo, mí padre, abre tus brazos para que los pájaros que están pasando posan posar. Se ellos sentaren en tu cuerpo, pede para nos levar para o alto.”

Y, mismo en cima da casa, la mujer continuó batiendo la taquara (bambú)  ritmadamente contra el amparo de la casa, en cuanto las aguas subían.

Guiraypoty cantó entonces lo nheengaraím, lo canto Guarani. Cuando serían tragados por la agua, la casa se mueve,  da giros, fluctúa , sube… sube até llegar a la porta del cielo, donde quedaran morando.

Esto lugar para donde fueran llama-se YvY marã ei ( la “tierra sin males”). Ahí las plantas nacen por si propias, la mandioca ya viene transformada en harina y la caza llega muerta al los pies de los cazadores. Las personas en ese lugar no envejecen  y ni mueren, y ahí no hay sufrimiento.”

Durante diversos espacios de tempo y de formas variables, grupos guarani revivirán históricamente esto mito. Relatado por Curt Nimuendaju (nombre que significa “hombre que abre su propio camino”), no inicio d e lo siglo XX, los pajes dos Guarani Apapocuva, buscaran la Tierra-sin-mal no leste. En todas las viajen apuntadas para esta dirección, lo mito se hizo historia.

La Tierra-sin-males era una dádiva a ser encontrada, localizada à leste, después de lo océano e no alto.

TRAJETÓRIA E OBJETIVO DA MIGRAÇÃO

La causa do éxodo Guarani siempre fue la imperativa necesidad de encontraren un lugar donde posan vivir con seguridad, segundo su antiguo modo de ser, o sea, la busca da “Tierra-sin-males”.

“Los primeros que abandonaran su patria, migrando para o leste fueran los vecinos meridional dos Apapocuva: la horda dos Tañyguá, liderados por paje Ñanderyquyní, que era temido hechicero. Subirán lentamente pela margen directa do Paraná, atravesando la región de los Apapocúva, até llegar a la de los Oguauíva, donde su guía muere. Su sucesor, Ñanderuí, atravesó con la horda do Paraná – sin canoas, como cuenta la leyenda – , poco abajo da foz do Ivahy, subiendo entonces por la margen izquierda de este río até la región de Villa Rica, donde cruzando lo Ivahy, pasó-se para o Tibagy, que atravesó en la región de Morro Agudos.

Rumo siempre en dirección al leste, atravesó con su grupo o río das Cinzas y lo Itararé até se deparar, finalmente con los pueblos de Paranapitinga y Pescaria en la ciudad de Itapetinga, cuyos primeros colonos nada mejor subieran hacer que arrastrar los recen-llegados a esclavitud. Ellos pero, conseguirán huir, perseverando tenazmente en su proyecto original, no de vuelta para lo oeste, mas para lo sur, en dirección al mar. Escondidos en las montañas da Serra dos Itatins quedaran-se entonces, a fin de se prepararen para la viajen milagrosa a través do mar a la tierra donde no mas se muere.”
Los Guarani Mbya, comenzaran  a llegar, al que se sabe, a partir do inicio do siglo XX. En 1921, Nimuendaju, en la época funcionario de la antiguo SPI, tuve la ventura de acompañar la migración de un pequeño grupo Mbya rumo al mar. Esta fantástica experiencia no modifico apenas o modo de esto antropólogo alemán encarar la sociedad Guarani, como a partir de entonces, iría influenciar de manera decisiva, o modo como la mayoría de los antropólogos pasaría a ver los Guarani.
Reducidos a pocos por dolencias y obcecados con la fuga de la destrucción del mundo, Nimuendaju alcanzo-os próximo  de Itanhaém/SP. Cuando llegaran al litoral, termina su viajen horizontal e histórica. Inicia-se entonces la caminada que debería, a través de la danza, tomar un rumo vertical. Danzaran tres días até a exhaustazo y entonces venia la terrible decepción o fracaso. “havia ocurrido algún erro, que anulara toda a magia e que, fechara para siempre lo camino para o además de los peregrinos”. La mayoría de los Guarani convence-se que ya no podrían alcanzar la “Tierra-sin-mal”, pela falta de un instrumento e pela interpretación incorrecta do mito.

Después partirán “en la dirección do noroeste, convencidos de que la Tierra-sin-males se localizaba, no después do océano e si en lo centro de la Tierra”. Segundo Egon Scahden, solamente podrían ir en su busca, aquellos que guardaban intactas sus creencias origináis.

Hoy existen “aquellos que acreditan que solo su alma retornará a Nhanderú retã.” Mas hay aquellos, que acreditan conseguir atravesar lo océano con cuerpo y alma y superando la proba de la muerte, ser testigo de la tradición.
Una alucinada tentativa de alcanzar a cualquier costo la Tierra-sin-males, pode ser observada entre os Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Nos anos entre 1986 a 2000, 337 indios de las áreas de Dourados, Amambaí, Caarapó, Porto Lindo e Takuapery, cometieron  suicidio. La amplia expoliación de su territorio físico e espiritual e a falta de perspectiva de encontraren a su prometida tierra-sin-males, los levaran la depresión  profunda, o que levó para a concretización  de tan trágico fin.

En la utopía de la Tierra-sin-males, lo inmediato  histórico quedó frustrado.

En busca da “Tierra-sin-males”, viven hoy los Guarani, amenazados do Mal sin Tierra.
La batalla de los Guarani pela sobre vivencia física e cultural continua nos días actuáis, no Paraguai, Argentina e Brasil (Maranhão, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). La lucha pela demarcación o reconquista de sus tierras confunden-se con la recuperación de su identidad étnica.
Los Guarani soma hoy, aproximadamente, treinta mil personas en todo o territorio brasilero.

Con esta pequeña contribución, viso despertar la curiosidad do lector a la todo que se refiere a la civilización de lo indio sur-americano que até nuestros días permanece como objeto de estudio. Enfatizo tamben, mío cariño y respecto pelas tradiciones de este pueblo, guardando como reliquia preciosa todo lo que evoca su historia e anima el recuerdo de sus días mas remotos.

“America Ameríndia, aínda na Paixão: um dia tua Morte terá Ressurreição!”

Bibliografia consultada

C. Nimuendaju Unke. As Lendas de criação e destruição do mundo como fundamentos da religião dos Apapokura-Guarani. SP. 1987.

M. I. Queiroz – O Mito da terra sem males: uma utopia guarani?. Revista de Cultura Vozes. 67/1 (1973)

M. Bartolomeu. El guarani: experiência religiosa. Asunción. 1991

E. SCHADEN. Aspectos fundamentais da cultura guarani. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1962.